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sábado, setembro 09, 2017

Aditivos à obra da AL rendiam até 50% de propina, afirma delator

Retornos eram feitos a deputados; obra era executada por empreiteira de ex-prefeito de Cuiabá

O empreiteiro Anildo Lima Barros, cuja empresa construiu sede da Assembleia.

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) revelou que parte dos recursos destinados à construção da atual sede da Assembleia Legislativa, no Centro Político e Administrativo (CPA), retornava para os deputados estaduais, ou era usada no pagamento de dívidas de campanha tomadas com factorings.

A acusação consta na delação premiada do peemedebista firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 9 de agosto.

Segundo Silval, além do “mensalinho” que o Governo pagava aos parlamentares, de modo a apoiar os projetos a serem votados, os deputados também receberam retorno dos serviços prestados na Assembleia, sendo que os retornos giravam em torno de 15% a 25% dos valores pagos.

De acordo com o delator, com a construção da nova sede do Legislativo, feito pela Aquário Engenharia, empresa do ex-prefeito de Cuiabá, Anildo Lima Barros, os retornos chegaram a 30% a 50% com aditivos na obra. 

Com uma área de 22.099 metros quadrados, sendo 7 mil só de estacionamento, o prédio do Poder Legislativo começou a ser construído no início de 1996. No ano seguinte, as obras foram paralisadas e só retomadas em 2003.

Na época da inauguração, em 2005, a estimativa de gastos na obra era de R$ 30 milhões.


Que da obra retornava para a mesa diretora cerca de 10% a 15%, se recordando também que nos termos aditivos era bem maior, retomando de 30% a 50%

Silval contou que as propinas eram entregues diretamente a ele, que era deputado à época, e para o então presidente da Assembleia, José Riva, cabendo a ambos repassá-las aos demais deputados. Os valores chegavam R$ 150 mil.

“No ano de 2003, se iniciaram as obras da ALMT, sendo que da construção havia também muito retorno para os pagamentos das dívidas das factorings. Que da obra retornava para a Mesa Diretora cerca de 10% a 15%, se recordando também que nos termos aditivos era bem maior, retomando de 30% a 50%, sendo que quem entregava os valores era o Sr. Anildo Lima Barros, responsável pela empresa que construiu a AL/MT”, disse o ex-governador, em trecho da delação.

“Sendo que os valores eram entregues para José Riva que os repassava para os deputados ou efetuava os pagamentos de dívidas dos deputados, que o colaborador acompanhou muitas dessas entregas de valores para os deputados, sendo que os valores de propina variavam de um deputado para outro, mas em média era de R$ 150 mil”, completou.

Os nomes

A propina na construção da Assembleia consta no trecho em que Silval cita o pagamento de “mensalinho” do Executivo aos parlamentares.

Segundo ele, no período da construção da Assembleia, durante a legislatura de 2003 a 2006, os seguintes deputados estaduais receberam o "mensalinho": Calos Brito, Chico Daltro, Dilceu Dal’Bosco, Eliene Lima, Hermínio J. Barreto, João Malheiros, Mauro Savi, Pedro Satélite, Sebastião Rezende, Campos Neto, Sérgio Ricardo, Joaquim Sucena, Carlão, Alencar Soares, José Carlos De Freitas e Pastor Nataniel de Jesus.

Outro lado

A reportagem ligou para a empresa de Anildo Lima Barros, duas vezes nesta semana.

Em ambas, a secretária que atendeu a ligação informou que ele não estava e que não tinha autorização para fornecer o número de seu celular.

A reportagem pediu então que Barros retornasse a ligação, o que não foi feito até a edição desta reportagem.

Veja trecho da delação:
DOUGLAS TRIELLI 
DA REDAÇÃO MidiaNews


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